Luiz Iria e a infografia no Brasil

Luiz Iria é a cara da infografia no Brasil. Não há como pesquisar, pensar, analisar este produto sem fazer esta relação. Partindo desse reconhecimento, o site SAIBADESIGN TV fez uma entrevista com o Luiz, que é um dos responsáveis pela introdução da infografia no Brasil e atual chefe do Núcleo de infografia da Editora Abril.  Há um vídeo também com ele.

 

Entrevista para a Revista Espírito Livre

Foi publicado em março – mas só agora pude postar – na Revista Espírito Livre,  uma entrevista minha na qual falo sobre infográficos, objeto de estudo que venho pesquisando desde 2004. A entrevista foi concedida  ao jornalista e blogueiro Yuri Almeida, que edita o blog Herdeiro do Caos.

Começamos abordando as formas primitivas de fazer infografia, passando pelas possibilidade interativas, o consolidação da infografia na imprensa, a inserção e potencialização da tecnologia para a construção de infográficos mais interativos e sofisticados, definição do que é infografia em base de dados, a estética, refelexão dos infográficos no Brasil e terminamos com infográficos para telefones móveis.

O infográfico como gênero jornalístico

Esta é uma temática recorrente sobre infografia. E, na especialização aqui em Salvador, estou pesquisando- e já escrevendo o tcc, por sinal- sobre esta questão,  que  será um enorme desafio porque  sabe-se que a infografia patina entre ferramenta e gênero. Ora, se as infografias atendem aos elementos constitutivos de uma reportagem, que está inserida como gênero informativo, então a infografia pode ser considerada um gênero jornalístico.  Se um infográfico muitas vezes é publicado de uma forma completa em si e autônoma, ou seja, sem texto complementar, logo se têm uma unidade informativa completa, que dá conta da notícia/informação por si só, assim como as reportagens textuais.

  Desta maneira, a revista portuguesa JJ-Jornalismo & Jornalista”, resolveu questionar esta temática a infografistas conceituados sobre a possibilidade da infografia ser encarada como um gênero jornalístico. A matéria ainda traz uma entrevista com a jornalista do Publico.pt, Susana Almeida Ribeiro, que neste ano publicou o livro “Infografia de Imprensa – História e Análise Ibérica Comparada”, na qual faz uma comparação entre as infografias impressas entre Portugal e Espanha. O livro dela (que ja está em minhas mãos, depois faço um post sobre ele) é fruto da dissertação de mestrado em Comunicação e Jornalismo pela Universidade de Coimbra.

Eis alguns momentos que achei pertinente:

JJ- Podemos considerar a infografia um género jornalístico?
Susana Almeida Ribeiro – Sim, a infografia pode ser considerada um género jornalístico autónomo. Diversos teóricos da infografia assinalam, sem pudores, a sua independência já desde a década de 1990. Carlos Abreu Sojo, que estudou a questão a fundo, sistematizou- a afirmando que a infografia é um estilo jornalístico autónomo porque se apresenta, formalmente, como uma notícia (tem título, texto e crédito) e porque tem como intuito fundamental responder às tradicionais seis perguntas que deverão nortear a redacção informativa (quem, o quê, onde, quando, como e porquê). Além disso, mesmo quando se limita a acompanhar um texto, uma infografia tem sentido por si mesma, sobretudo quando se trata de uma infografia-perfeita, isto é, um gráfico que pode ser publicado sem texto a acompanhar.

JJ – Nos jornais portugueses, a infografia dispõe de um estatuto próprio ou é vista como “um boneco para ilustrar a notícia”? E em Espanha?
SAR – A infografia está a ganhar cada vez mais terreno nas revistas e jornais. Lembro-me de um caso recente em que a revista Visão fazia uma espécie de prognóstico de como será a vida em 2023 num artigo todo ilustrado com infografias, por acaso muito boas, feitas pela Anyforms. Inclusivamente, a capa da edição era uma das infografias que constava do especial informativo.
Em resumo, acho que em Portugal só se pode caminhar para uma situação em que a infografia terá estatuto próprio. Os editores de imagem, e os próprios directores dos jornais, estão cientes de que as infografias não são já meros “bonecos” para ocupar páginas.
Até porque as infografias têm altas taxas de leitura entre o público. Em Espanha, as infografias já têm estatuto próprio há muitos anos, fenómeno ao qual não é alheia a circunstância de os nossos “vizinhos de Península” acolherem os Prémios Malofiej.

JJ – E ao nível da infografia digital, podemos comparar Portugal e Espanha?
SAR – Não é possível comparar o incomparável. Adoptando a metáfora religiosa, em Portugal “ainda a procissão vai no adro”. Acompanhei a produção de infografias nas redacções online dos espanhóis El Mundo e El País e dos portugueses Diário de Notícias e Público e não há comparação possível. Em Espanha, as redacções do elmundo.es e do elpais.com elaboram várias infografias por semana. No caso português, o publico.pt admitia a elaboração de uma infografia animada
por mês e no Diário de Notícias a situação nem se coloca, pois o DN não tem uma redacção online autónoma.

 

by Adriana A. Rodrigues

“O infografista deve pensar como jornalista”

Recentemente, Alberto Cairo que dispensa apresentações, esteve no Brasil onde ministrou um curso sobre infografia na Universidade Federal de Santa Catarina- UFSC, local onde há um grupo de pesquisa o NUPEJOC que vem se dedicando as pesquisas dos infográficos.

Cairo concedeu uma entrevista para o grupo de pesquisa, e  diz que “não acredita que a infografia seja a salvação do jornalismo impresso. “A infografia  ajudará na mesma medida que um bom texto ajuda, ela é uma ferramenta para transmitir o conteúdo”.

Alguns trechos:

N – O que você acha fundamental para a formação de um bom infografista?

C – É importante que você saiba pensar como jornalista, que saiba um pouco de estatística, um pouco de cartografi a, um pouco de design gráfi co, um pouco de animação para a infografi a online, mas o mais importante é saber ser jornalista e pensar visualmente.

N – Com relação à infografi a para jornalismo online, percebemos que às vezes a interatividade e a multimidialidade atrapalham a qualidade de informação. O que seria então a diferença fundamental entre infografia para impresso e para online?

C – A diferença fundamental é a quantidade de espaço e tempo que você tem para contar a história. Muitas vezes, o trabalho de edição é mais importante que o trabalho de produção. Você não deve colocar mais detalhes simplesmente porque você pode coloca um vídeo, ou porque você pode colocar um áudio.

N – Como você avalia o mercado de infografi a no Brasil?
C – Os profissionais são ótimos, mas o Brasil tem um problema comum a de qualquer outro país que é a falta de comunicação entre os departamentos de arte e infografias com as redações. Falta um pouco a figura de jornalistas que sejam pontes, que sejam tradutores e façam uma conexão entre os departamentos. Isso é o que eu entendo por um jornalista multimídia, não um jornalista que saiba fazer tudo, áudio, vídeo, texto, mas tenha um conhecimento básico de diversas áreas e se especialize em uma.

N – É essencial para o jornalista saber infografi a e saber pensar infograficamente?
C – É básico para o jornalista saber o que é infografi a e pra que ela serve. Ele não precisa saber fazer infografia.

By Adriana Rodrigues

Infografia 2.0 à venda este mês

Boas notícias para quem pesquisa infográficos e visualização da informação. Depois de disponibilizar o sumário e as primeiras páginas do seu livro Infografía 2.0: visualización interactiva de información de prensa,   Alberto Cairo, um dos mais renomados infografistas atualmente, avisa em seu blog que o livro estará disponível para a venda a partir do dia 9 de setembro, através da editora elcorteingles.es e fnac.es.  E aproveitando a fase do pré-lançamento do livro, o 233 grados, mantido por Mario Tascón, fez uma entrevista com Cairo, em que debruça suas análises sobre as mudanças dos infográficos on line, fala do seu livro, claro, e aponta tendências sobre a produção dos infográficos mundiais. Eis um trecho:

Por una parte tendrá más interacción. La infografía puede convertirse en herramienta de software, en un medio para que los lectores exploren los datos y la información por sí mismos, creen variantes de los escenarios, personalicen los resultados e incluso los guarden para usos posteriores. Por otra parte, será más multimedia“.

 

Adriana A. Rodrigues